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Rede Movimento de Rádios

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Um pigmeu entre gigantes


General de Brigada Paulo Chagas
No início do mês passado, fui convidado pelo Comandante do Exército, Gen Villas Bôas, a acompanhá-lo em uma visita oficial ao Regimento de Dragões da Independência, onde um Oficial da Reserva (R2) seria recepcionado.

Tratava-se de atender ao pedido de alguém que tivera o privilégio de aprender as táticas elementares da Cavalaria e de conviver, por algum tempo, no salutar ambiente de um regimento e de ter feito contato com os valores, as virtudes e os princípios que norteiam a vida castrense.

O Exército como um todo e a Cavalaria em especial, são instituições apaixonantes e marcantes para quem tem a oportunidade de conhecê-los mais de perto.

Neste contexto, para aqueles que cursaram o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo (CPOR/SP), no tempo em que a Cavalaria era a cavalo, sobressai de importância o antigo 17º Regimento de Cavalaria, sediado em Pirassununga (SP), hoje mecanizado e aquartelado em Amambai (MT).

Foi para relembrar seus tempos no “17”, onde estagiou, que o 2º Ten Cav (R2) Ricardo Lewandowski, hoje Presidente do STF,  solicitou uma visita ao quartel do “1º de Dragões”. Nada mais justo e lógico para quem conheceu o agradável sabor da vida agitada e alegre de um Regimento de Cavalaria.

O roteiro da visita incluiu uma magnífica demonstração do treinamento aplicado aos cavalos e aos Dragões para habilitá-los ao emprego nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O Ten Lewandowski, como era de se esperar, ficou realmente muito impressionado com o que viu em termos de motivação, capacitação, destreza, disciplina, coragem e vigor físico da tropa e dos animais.

A visita foi encerrada com um almoço no Salão Nobre do Regimento, ocasião em que o Gen Villas Bôas presenteou o visitante com uma placa de madeira na qual estava fixado um estribo.

O Comandante do Exército fez questão de frisar que se tratava do estribo do lado esquerdo, o do “lado de montar”, e alertou o homenageado, agora não mais o Tenente de Cavalaria, mas o Ministro Presidente do STF, para o fato de que o do lado direito estará sendo empunhado pelo Exército Brasileiro, para evitar que a sela vire no momento de montar, garantindo a firmeza na tomada de assento na sela.

Complementando, o Comandante justificou o sentido figurado da gesto, dizendo ao Ministro que ele, no exercício de suas elevadas funções judiciais, terá sempre o Exército à sua direita, vigilante e atento, para garantir o cumprimento da lei e o respeito à ordem pública e aos preceitos constitucionais.

O Ministro recebeu e entendeu a mensagem, agradeceu a lembrança e disse, com ênfase, em seu discurso de agradecimento, que a Suprema Corte brasileira, a exemplo das FFAA,  é uma instituição de Estado e não de governo, ou seja, comprometida, antes de tudo, com o Brasil e não com governos de ocasião!

Hoje, depois de ter assistido à tramoia dos integrantes daquele supremo tribunal de justiça para favorecer, no processo de impeachment, o governo que o aparelhou, sinto-me autorizado a pensar que houve falha na avaliação do Aluno e do Tenente Lewandowski nos indicadores relacionados ao compromisso com a verdade, fundamento da moral cavalariana e do Exército de Caxias!

Se, por um momento, encontrei no Presidente do STF identidade no amor e na admiração à Cavalaria, hoje, rechaço este sentimento, porquanto, de fato, enquanto esteve entre nós, no CPOR e no “17”, não passou de um pigmeu entre gigantes, o que justifica ele ter imaginado que, voltando a um quartel, na posição que ocupa, poderia equiparar-se àqueles que o devem ter humilhado com sua imensa superioridade moral!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

GOLPE: Conveniência confessa - Senado pode arquivar impeachment

O STF - Supremo Tribunal Federal pode, a partir de agora, ser rebatizado de SUBMISSO Tribunal Federal, ao comprovar sua única competência – Manter a implantação do comunismo bolivariano no Brasil.
Aos que assistiram, mesmo que parcialmente, a seção do STF neste 17 de dezembro de 2015, podem, com toda tranquilidade comprovar o que já era público e notório, ou seja, o aparelhamento do Estado é comprovado e merece uma devassa nas contas bancárias particulares de cada um de seus integrantes e uma investigação profunda por parte da Polícia Federal e instituições sérias. Com isso saberão quanto cada um recebeu para que a votação fosse tão tendenciosa no sentido de blindar a terrorista, assaltante de bancos etc, manipulada pelo chefe da gangue Luiz Inácio Lula da Silva.
O processo de impeachment cessaria a fonte corrupta que envolve todos aqueles que a evitam. E são tantos que, mesmo as falcatruas sendo divulgadas abertamente e de conhecimento, até, de moradores de rua, os seguidores beneficiários da maior quadrilha já formada na história universal, declaram abertamente que Senado pode negar processo em nome “do útil, do oportuno e do conveniente”.
Oras!!! Se for conveniente para eles, “que o povo coma brioches”?
Mais do que nunca o povo deve tomar as ruas, as frentes das residências dos corruptos, a frente das instituições e, diariamente, a frente do Congresso Nacional, STF e todo e qualquer espaço que seja convenientes para a pressão que, caso não haja, determinará a continuidade do processo de “miserabilização” da Nação. Condenando o Brasil ao seu fim definitivo, sendo vendido a nações sóciocomunistas, com a perda de suas riquezas, território e destruição do progresso conquistado em seus mais de 500 anos de história.
Nada mais há o que fazer senão o povo se manifestar de forma organizada em pequenos grupos e continuamente.
Não! Eu não tenho vergonha de ser brasileiro e essa enorme quadrilha não tirará de mim o orgulho e amor que tenho pela Pátria Amada Brasil.
Quero meu País de volta.
  

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Artigo de Reinaldo Azevedo esclarece.
Há uma tentativa de golpe em curso no STF, que quer dar ao Senado o direito de se negar a abrir o processo de impeachment; parece que golpistas já são maioria
Celso de Mello, para escândalo da ordem jurídica, diz que Senado pode negar processo em nome “do útil, do oportuno e do conveniente”
Estão armando um golpe contra a Constituição no Supremo. Quem abriu a divergência foi Roberto Barroso. Teori Zavascki já entrou na onda. Marco Aurélio já se manifestou nesse sentido. Ricardo Lewandowski também. Carmen Lúcia fez umas pequenas intervenções que parecem ir em igual sentido… Fique com a impressão que Luiz Fux vai com o grupo
E, por incrível que pareça, a argumentação mais fraca é a de Celso de Mello. Já chego lá.
A que me refiro?
O caput do Artigo 86 da Constituição é claríssimo. Leiam:
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
Como se vê, e já chamei aqui a atenção para isto, uma vez admitida a acusação pela Câmara, não existe instância intermediária entre a admissão e a instauração do processo. Ele é obrigatório. Onde está escrito isso?
Celso de Mello se enrolou de modo estupefaciente. Um homem inteligente sem argumentos é sempre mais patético do que um homem burro.
Barroso deu início a um argumento furado como nota de R$ 3. Assim como o Supremo autoriza ou não processo contra o presidente da República em caso de crime comum, caberia ao Senado autorizar ou a instauração do processo.
A argumentação é estúpida. Estamos falando de Poderes distintos nesse caso. Câmara e Senado são o mesmo Poder. A Constituição atribui à Câmara o juízo de admissibilidade. E ao Senado cabe processar e julgar.
Sem argumento técnico nenhum, Celso de Mello, para espanto da ordem jurídica, disse que, dada a gravidade do assunto, cabe ao Senado avaliar se o processo de impeachment é “útil, oportuno e conveniente”. Entendi: logo, se conclui que, por oportunismo, utilitarismo e conveniência, pode-se mandar a Constituição para o lixo.
Assim, segundo a turma, ainda que a Câmara admita a denúncia, o Senado pode se negar a abrir o processo.
Não sei se contaram: no grupo acima, já há seis votos.
Ah, sim: Dias Toffoli, para registro, da história, opôs-se ao à defesa do golpe.
Fonte: VEJA

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Impeachment ou intervenção - que cada um faça a sua parte

Em todas grandes manifestações a maioria sempre optou pelo
impeachment, por saberem que é tarefa dos políticos.
Impeachment ou intervenção, que cada um faça a sua parte - Gen Paulo Chagas

É realmente angustiante o ritmo com que as coisas evoluem no Brasil. No entanto, é o nosso ritmo! Muda-lo à força não mudará a nossa natureza.

Temos que aprender a conduzir os nossos destinos e, principalmente, aprender a definir o que de fato é bom, se não para todos, pelo menos para a maioria, e fazer acontecer sem depender de decisões sobre as quais não temos ingerência.

Temos que entender e aprender que os políticos não se constituem em uma classe profissional autônoma que trabalha para si própria. Pelo contrário, são representantes compromissados com a vontade dos que os colocaram lá e a eles devem respeito e prestação de contas.

Já os militares são o que são porque escolheram esta profissão e, com esforço pessoal, individualmente, representando unicamente a sua vocação e mais ninguém, passaram a integrar um organismo armado com missão definida.

Uma iniciativa ou uma decisão de um político representa, em princípio, a vontade de seus eleitores. Uma iniciativa ou decisão de um Comandante Militar pode ser aplaudida ou vaiada pela sociedade como um todo, mas não depende da vontade ou da pressão popular. A sua função não é eletiva, é uma conquista de esforço, de dedicação, de mérito e de demonstrações de coragem e de responsabilidade consequente.

Portanto, a decisão por uma intervenção militar, ao arrepio da Constituição, como em 64, é exclusiva dos militares, não carece de pedidos, pressões, aplausos, vaias, choros ou ranger de dentes!

 O mesmo já não é válido para o impeachment, porquanto os políticos podem e devem ser pressionados para que façam, no nosso ritmo, o que nós achamos que deve ser feito!

Assim, é mais lógico que nós, cidadãos, não fiquemos esperando ou tentando induzir os soldados a fazer o que NÓS achamos que eles devem fazer, mas, antes de mais nada, fazer o que NOS cabe como eleitores dos outros cidadãos que representam a nossa vontade no Poder Legislativo.

Os militares, como tal, não com cidadãos e eleitores, farão a parte deles, se assim julgarem necessário, com ou sem a nossa demanda ou aquiescência, merecendo o nosso aplauso ou as nossas vaias. Eles não dependem disso, mas, apenas, da própria consciência cívica, patriótica e profissional!

Pensem nisso...




quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Renan, Jader e Delcídio na Lava Jato

Renan, Jader e Delcídio
Estas "autoridades" receberam propina a partir de contratos fraudados na Petrobras.

O ministro Teori Zavascki (pasmém, senhores!!!), relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira a abertura de dois novos inquéritos para investigar o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o ex-líder do governo Delcídio do Amaral (PT-MS). Os três foram citados por delatores do escândalo do petrolão como autoridades que receberam propina a partir de contratos fraudados na Petrobras. Por decisão de Zavascki, também será investigado o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), apontado pelos investigadores do petrolão como o preposto de Calheiros nas negociações de propina.

Em acordo de delação premiada, conforme revelou VEJA, Baiano contou que o esquema de corrupção na área internacional da Petrobras começou em 2006, no governo Lula, e envolveu os senadores Renan Calheiros (PMDB), Delcídio Amaral (PT), Jader Barbalho (PMDB) e o ex-ministro Silas Rondeau, que, após o mensalão, substituiu Dilma Rousseff na pasta de Minas e Energia. Todos negam as acusações.

Apontado pelo Ministério Público como o operador do PMDB no escândalo do petrolão, o lobista Fernando 'Baiano' Soares admitiu que atuou em "repasses pontuais" de dinheiro sujo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a Renan Calheiros. Ele disse que repassou propina a integrantes do partido relativa à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e de contratos de sondas. "[Baiano] realizou apenas alguns repasses pontuais envolvendo o PMDB, dentre eles o relacionado a Eduardo Cunha e a Renan Calheiros, quanto a este sempre por meio de Jorge Luz", disse. Luz é uma espécie de lobista histórico da Petrobras.

Apontado pelo Ministério Público como o operador do PMDB no escândalo do petrolão, o lobista Fernando 'Baiano' Soares admitiu que atuou em "repasses pontuais" de dinheiro sujo ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a Renan Calheiros. Ele disse que repassou propina a integrantes do partido relativa à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e de contratos de sondas. "[Baiano] realizou apenas alguns repasses pontuais envolvendo o PMDB, dentre eles o relacionado a Eduardo Cunha e a Renan Calheiros, quanto a este sempre por meio de Jorge Luz", disse. Luz é uma espécie de lobista histórico da Petrobras.

Em outros depoimentos que embasam a Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa informou às autoridades que Renan recebia dinheiro de empreiteiras contratadas pela estatal, realizava as negociatas em sua própria casa e recolhia propina da Transpetro, subsidiária da Petrobras então controlada por Sergio Machado, seu aliado. Renan Calheiros é alvo de inquéritos no STF, embora ainda não tenha sido denunciado pelo Ministério Público, o que deverá acontecer em poucos dias, em meio a esta confusão entre os corruptos delatores e a máquina aparelhada por tantos outros corruptos - todos sofrendo de insônia nos últimos dias.
Fonte: VEJA






terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Intervenção militar: 1964 x 2015

Em 1964, nas FFAA, a imensa maioria de seus quadros era legalista, respeitando, incondicionalmente a Constituição. Goulart caiu por causa da estratégia e das táticas que adotou. Pretendeu implantar as reformas com ou sem o apoio do Congresso, “na lei ou na marra”, por meio da mobilização das massas com o apoio passivo das FFAA e o apoio ativo de um dispositivo militar que pensava haver implantado.

Da preocupação dos empresários com a infiltração comunista resultou uma série de encontros de empresários do Rio de Janeiro e de São Paulo. Da troca de ideias sobre as suas responsabilidades, surgiu, no final de novembro de 1961, o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES).

Passaram a integrar os quadros do IPES, profissionais liberais, militares da reserva, clérigos, funcionários públicos, etc. Com isto foi possível aperfeiçoar sua estrutura para estender sua ação a vários segmentos sociais. Criou-se um programa de treinamento de lideranças democráticas para homens de negócios, estudantes e operários.

Inúmeras outras organizações surgiram no ano de 1963, com objetivos semelhantes aos do IPES, algumas dispostas mesmo a ação revolucionária, se necessário. Um desses grupos, por exemplo, contatou Júlio Mesquita Filho, dono do jornal “o Estado de São Paulo”, que se tornou o seu chefe nacional, e que, em 1964, chegou a armar-se para participar diretamente da revolução.

Embora essas organizações não tivessem constituído um bloco ideológico e político monolítico, elas encontrariam unidade na situação pela qual passava o País e iriam influir decisivamente no movimento revolucionário.

Nos meios políticos, a oposição mais objetiva às esquerdas e ao Governo, decisiva mesmo para o êxito da Revolução, seria desempenhada pelos governadores, principalmente os de Minas Gerais, São Paulo e Guanabara.

Desde 1962, organizara-se, no Congresso, um bloco interpartidário denominado Ação Democrática Parlamentar (ADP), que se constituiu numa oposição atuante até a revolução. Contando com cerca de duzentos parlamentares.

Os mais influentes jornais e emissoras de rádio e televisão deram, desde o início, seu apoio às campanhas em defesa da democracia. É fácil deduzir quão importante foi essa atuação no preparo da opinião pública.

Em todos os segmentos onde o proselitismo esquerdista atuava houve reação. No meio sindical, eram realizados cursos para trabalhadores, dirigidos pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), organismo patrocinado por empresas privadas de São Paulo. O IBAD [Instituto Brasileiro de Ação Democrática] era outra entidade que atuava nesse meio.

A área educacional era onde as esquerdas haviam obtido seu maior êxito. Surgiram, então, entidades democráticas para atuar em oposição à UNE. Uma das mais importantes  foi o Grupo de Ação Política (GAP) que atuava no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo.

Essas inúmeras entidades atestaram que a juventude não esteve omissa nos anos agitados que antecederam o 31 de março de 1964.

Desde 1954, existia, em São Paulo, o Movimento de Arregimentação feminina (MAF). O Marechal Cordeiro de Farias diria: “… a Revolução foi feita pelas mulheres brasileiras, principalmente as de Minas e São Paulo”.

Em 1963, mais de oitenta por cento dos militares continuavam com sua postura legalista. Dos restantes, aproximadamente a metade fazia parte do dispositivo janguista ou concordava com suas posições. Os da reserva, haviam começado a atuar desde a posse de Jango, ligando-se, orientando e participando das organizações civis mencionadas.

Em setembro, com o levante dos sargentos em Brasília, começou a haver uma mudança de posicionamento das FFAA.

No dia 4 de outubro, houve a tentativa frustrada da prisão do Governador da Guanabara e da decretação do Estado de Sítio. Os oficiais que se negaram a cumprir a ordem de prisão do Governador foram punidos. Sob o estímulo emocional dessas prisões, criou-se um grupo conspiratório. Liderado pelo então Coronel João Batista de Figueiredo.

Graças à confiança que esse grupo depositava no General Castello Branco, decidiram seus membros confiar suas apreensões ao Chefe do Estado Maior do Exército que integrou-se, de forma efetiva, ao esquema revolucionário.

Esse grupo elaborou um plano defensivo contra a tomada de poder pelas esquerdas: resistir e estimular a resistência civil; dar ânimo aos políticos a se oporem às proposições esquerdizantes; e preparar a resistência militar. Essa conspiração de cúpula não afetaria, ainda, a disposição da grande maioria dos militares, que se mantinha fiel à Constituição.

No comício do dia 13 de março, na Central do Brasil, promovido pelo Presidente Goulart, protegidos por tropas do Exército, estavam no palanque todas as facções do movimento revolucionário esquerdista. A partir desse momento, os conspiradores sabiam que o desfecho do golpe da esquerda estava próximo.

O Comício resultou numa mudança no posicionamento da imprensa. Os editoriais passaram a exigir diretamente que os militares assumissem a responsabilidade de resolver a crise.

Apesar dessa situação, a maioria militar não estava ainda convencida da necessidade de participar da revolução.

No dia 19 de março, dia de São José, Padroeiro da Família, as mulheres de São Paulo realizaram um protesto de rua contra o comício da Central do Brasil. Nesse dia, os cinemas não funcionaram, o comércio e a indústria suspenderam suas atividades às 15 horas. Às 16 horas, começava a primeira “Marcha da Família Com Deus pela Liberdade”.

Para os militares legalistas, a etapa decisiva seria o motim dos marinheiros e seu desfecho que abalaram as convicções até daqueles que até a véspera  lutariam ao lado do Presidente e suas reformas. A revolução já poderia ser desencadeada sem que houvesse o risco da divisão interna das FFAA.

Quando, no dia 30 de março, João Goulart se dirigiu ao Automóvel Clube do Rio de Janeiro para falar a uma assembleia de sargentos, o desencadeamento da Revolução já estava decidido. O início do movimento foi marcado para a noite de 2 para 3 de abril.

Por razões diversas o movimento revolucionário foi antecipado em Minas Gerais. Na madrugada de 31 de março, as tropas ali sediadas começaram a marchar em direção ao Rio de janeiro. No encontro dessas forças com as do I Exército, que se deslocaram para barrá-las, não houve o primeiro tiro. Episódio semelhante ocorreria no ponto de encontro das tropas dos I e II Exércitos, no eixo Rio-São Paulo.

Pelo meio da tarde de quarta-feira, tudo estava terminado. Ruíra o dispositivo militar do Presidente, ninguém moveu ou esboçou resistência em defesa de Goulart, ou de suas reformas.

Depois de meses de tensão e de luta, os políticos brasileiros, liderados pela maioria dos governadores, podiam respirar aliviados, convictos do acerto das decisões tomadas.

Na madrugada de 2 de abril de 1964, o Presidente do Congresso Nacional declarava vaga a Presidência da República e convidava para assumi-la, imediatamente, o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. Ao seguir-se o rito constitucional, restava a eleição, pelo Congresso Nacional, do Presidente e do Vice-Presidente da República, dentro de trinta dias.

A perplexidade dos primeiros dias deu margem a uma série de manobras políticas de grupos e de partidos que buscavam fazer o pêndulo do poder oscilar para o lado dos seus interesses.

O Comando Revolucionário desejava que o Congresso começasse por sua própria depuração, e que votasse uma legislação antissubversiva de emergência. Em vez disso, o Congresso tentou viabilizar um ato de emergência próprio. Esse procedimento provocou  a pronta reação do Comando Revolucionário, que praticou seu primeiro ato realmente revolucionário, outorgando o Ato Institucional nº 1.

Por esse ato, o Congresso passava a ser uma projeção do processo revolucionário e não a sua origem.

Anunciado na tarde de 9 de abril, o Ato outorgava à Revolução poderes para a rápida transformação do País, mantendo o Legislativo, o Judiciário e a própria Constituição. Dava ao Presidente da República o poder de introduzir emendas constitucionais; abreviava o processo de elaboração dos atos legislativos; dava ao Executivo competência exclusiva em legislação financeira; suspendia, por seis meses, as garantias de vitaliciedade e estabilidade, permitindo, mediante investigação sumária, a demissão, a disponibilidade ou a aposentadoria dos que houvessem “tentado contra a segurança do País, o regime democrático e a probidade administrativa”; excluída a apreciação judicial, autorizava, também, nos seis meses seguintes, a suspensão de direitos pelo prazo de dez anos e a cassação de mandatos legislativos. Finalmente, o Ato institucionalizava o mecanismo de transferência do Poder Executivo, através do Colégio Eleitoral, encarregado de escolher indiretamente o Presidente da República.

“Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. Este é que recebe desse Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte inerente a todas as revoluções, a sua legalização”.(AI-1)

Na noite de 1º de abril, os principais Governadores que haviam apoiado a Revolução acordaram que o Chefe do Governo Revolucionário deveria ser um militar. Castello Branco   foi eleito, com a quase unanimidade dos sufrágios, obtendo 361 dos 388 votos, e empossado em 15 de abril de 1964.

Entretanto, à medida que a Revolução se desenvolvia e sua estratégia ia sendo traçada, ela passava a desgostar indivíduos e grupos que, na não coincidência de rumos com suas próprias concepções e interesses, viam descaminhos revolucionários.

Antes da Revolução essa discussão não fora aprofundada, porque poderia tornar impossível a coligação que a tornou vitoriosa. Depois, apresentava o risco de provocar cisões irremediáveis nas forças revolucionárias e mesmo precipitar “um contra movimento executado pelas forças janguistas”.

Castello não queria que a Revolução fosse utilizada como instrumento de vinganças, de perseguições, e zelou, pessoalmente, por isso.

por Gen Bda Paulo Chagas
No final de julho de 64, o Congresso aprovou a emenda constitucional que prorrogava o mandato até 15 de março de 1967, marcando, ao mesmo tempo, a eleição presidencial para novembro de 1966. Castello, praticamente, foi obrigado a conformar-se. Quem não o fez, porém, foi o Governador Carlos Lacerda, que, se julgando prejudicado,abriu campanha contra o Governo revolucionário. Receptivos a essa pregação estariam setores que sofreram restrições impostas pela necessidade de contenção da anarquia e da desordem, nas relações sociais e na economia.

Já no dia da vitória, começaram as divergências quanto aos seus objetivos, prioridades, formas e modos de alcançá-los. O próprio restabelecimento da ordem e da tranquilidade nacionais, que era uma aspiração generalizada à qual se entregaria , nesse ano, o governo revolucionário, imporia a adoção de medidas que sacrificavam, na essência, o que era um dos objetivos prioritários da Revolução – a manutenção e o aperfeiçoamento do regime democrático.

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Ao fazer esta compilação do ORVIL, convido-os  a conhecer e a entender a intervenção militar ocorrida no ambiente e na conjuntura de 1964, deixando à iniciativa e ao conhecimento de cada um a comparação e a equiparação com o que ocorre no ambiente e na conjuntura dos nossos dias, bem como a chegada às conclusões daí decorrentes.